DAY 3

E cá estou eu, sentada no banco do meu tão velhinho carrinho, a levar com as intermináveis filas no centro da cidade do Porto... Como é que estas pessoas conseguem trabalhar?
De facto não consigo perceber... Não há fluidez!
Se sairmos de casa às 6 da manhã, para chegarmos ao trabalho às 8, e já contando com possíveis semáforos demorados e acidentes ocupando parcialmente uma das vias das 3 disponíveis, não conseguimos chegar ao emprego atrasados apenas 5 minutos!
Ora há que abrande para olhar, ora encontram um amigo de há uns anos, que decidem rever e matar saudades em plena via pública, ora param para resmungar com a polícia, porque o semáforo está 2 segundos atrasado... Bem... isto é um autêntico CAOS!
Não sei até que ponto me aguento numa cidade tão bela e tão monstruosa...
Sinto-me verdadeiramente uma priveligiada.
Sou priveligiada por viver no cantinho do mundo, numa quase miserável terrinha, comparado com isto. O prazer de viver recatado, consiste na dualidade de critérios. A minha vida nunca vai ser demasiado monótona. Quando sentir que preciso "sair da caixinha", venho à cidade aliviar. Quando estiver cansada da azáfama da cidade, volto para o meu cantinho, para descansar!
Mas estas pessoas, estes citadinos que não têm tempo nem para fazer uma refeição decente... Será que eles sabem o quanto é bom ser o epicentro destes dois fantásticos mundos?!
Cada um é fantástico à sua maneira.

O Porto é sempre fantástico.

Agora, o Porto está especialmente fabuloso... É quase Natal! Sinto-me quentinha só de estar na periferia da cidade! Parece que caio nos braços de toda a gente! O carinho paira no ar... o cheirinho das castanhas assadas... as luzes de Natal que nos pegam ao colo, o sorriso das pessoas... Porto, meu querido Porto... Meu querido e amado Porto.
Em tempos, falei com um amigo que estava na Republica Checa... Uma pessoa fantástica, cujo hobbie principal é simplesmente conhecer o mundo. Dizia-me ele que se esforçava imenso, mas que não encontrava cidade com esplendor tão brilhante como o Porto. Não conheço nada do mundo, mas concordo de olhos fechados, na minha santinha ignorância.

Bem... Parece-me que vou ter de voltar à realidade. O trânsito começa a andar já!
Finalmente...